I SNEA – Atas – Comunicações em Painéis

A OBSERVAÇÃO DAS LUAS DE JÚPITER E A ESPACIALIDADE (CP21)

Autores:

Gabriel Moreira Barros (USP) e Cristina Leite (USP)

Palavras-chave:

Observação, Espacialidade, Observações de Galileu

A proposta de astronomia apresentada pelos PCN ressalta a compreensão cosmológica em uma perspectiva tanto temporal quanto espacial, aliada a uma compreensão atualizada das hipóteses, modelos e formas de investigação sobre a origem e evolução do Universo em que vivemos. A observação direta de constelações, a identificação de planetas e a percepção de que tratam de objetos a diferentes distâncias da Terra também são destacadas pelos PCN. Atividades de observação tem tido papel de destaque em cursos de formação continuada de professores. Algumas dificuldades relacionadas à observação do céu, tanto diretamente ou por meio de instrumentos ópticos, também envolvem as noções das percepções espaciais, em especial, quesitos relacionados à profundidade. Dentre estas dificuldades podemos destacar a percepção que as estrelas estão a mesmas distâncias da Terra, por exemplo. Devido as grandes distâncias envolvidas, nosso aparato visual não nos permite perceber diferenças das distâncias, assim, todas parecem em um mesmo plano, a igual distância da Terra. Na tentativa de melhor compreender o papel do quesito profundidade envolvido na observação do céu, estudamos um episódio importante para a ciência. Trata-se das observações feitas por Galileu em 1609 das luas de Júpiter. Galileu percebeu que elas mudavam de posição de maneira diferente da esperada e, em alguns momentos, desaparecendo do campo de visão. Perceber que o desaparecimento dos pontos luminosos significava o movimento destes ao redor de Júpiter exigiu de Galileu uma abstração espacial. Galileu trabalhou em diversos problemas como isocronismo do pendulo, queda dos corpos, movimento dos projéteis, coesão dos corpos choque, resistência dos corpos, plano inclinado. No campo da astronomia sua preocupação maior estava em refutar o modelo de mundo do Aristóteles e defender o modelo conhecido como copernicano. Suas primeiras descobertas na astronomia foram à irregularidade da superfície lunar, visualizou um número muito maior de estrelas, descobriu as luas de Júpiter, observou formas peculiares em torno de Saturno, fases de Vênus, manchas solares. Diante deste cenário de envolvimento do Galileu com o conhecimento vemos caldo cultural extremamente rico e uma visão de mundo muito apurada quando realizou as observações dos elementos astronômicos. Essa historia pessoal que Galileu trazia fez com que ele pudesse de alguma maneira extrapolar as sua visões dos pontos errantes em volta de Júpiter e poder concluir que aqueles pontos se tratavam de luas girando em volta do planeta. Para gerar a construção desse modelo Galileu teve que ter uma grande percepção de movimento, oriundo dos seus estudos sobre a mecânica, e espacialidade, oriundo dos seus estudos de geometria euclidiana. Pretendemos partir das discussões acima elaborar um curso que trabalhe questões ligadas a percepções espaciais, a fim de problematizar e criar situações para trazer elementos que aponte a percepção espacial ligadas no entendimento de fenômenos astronômicos observáveis e em especifico gerar elementos para uma compreensão da observação das luas de Júpiter.