I SNEA – Atas – Comunicações em Painéis

ENSINO DE ASTRONOMIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA: UMA PROPOSTA DE ENSINO A RESPEITO DO MOVIMENTO RETRÓGRADO DE MARTE (CP12)

Autores:

Marcos Daniel Longhini (Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia/MG); Alejandro Gangui (Instituto de Astronomia e Física do Espaço (UBA-CONICET) – Faculdade de Ciências Exatas y Naturais, Universidade de Buenos Aires)

Palavras-chave:

história da ciência, ensino de Astronomia

Planejar o ensino de Ciências a partir de elementos da História da Ciência (HC) é ir além da aprendizagem de conteúdos isolados, pois compreende-se também os processos de produção do conhecimento, avançando em relação à visão de ciência como um dogma inquestionável. A ausência de questionamentos na apresentação dos conteúdos científicos causa-nos a falsa impressão de que a ciência é atemporal, que surge de mentes iluminadas ou de forma mágica, num processo que está longe de outras atividades humanas. Isso também nos leva a acreditar que se a ciência é produto de tais mentes, então ela é a representação da “verdade” e, como tal, não pode ser questionada e nem muito menos estar errada. Na busca por romper com tal cenário, a própria HC pode ser fonte de inspiração para planejarmos atividades de ensino. É com base neste pressuposto que este trabalho se apoia, ou seja, a partir de elementos da HC apresentamos uma atividade de ensino em Astronomia a respeito do tema: as estrelas errantes e seus movimentos – o caso da trajetória de Marte. São diversos os feitos e ideias presentes na busca por um modelo que explicasse, no decorrer da história, a organização do Cosmo. Questionamentos surgiam a partir da verificação da não regularidade de movimentos verificáveis no céu, como os descritos pelos planetas. Isso provocou no homem tentativas de explicar tais movimentos, como o que ocorre com Marte, por exemplo, que durante certos períodos de tempo, parece retrogradar no céu. Tais fatos geraram embates de idéias e proposição de modelos, com o dos epiciclos, por Ptolomeu. Sugerimos uma atividade para explorar o tema com os alunos, a partir da construção simplificada do modelo de Ptolomeu, representando as posições de Marte e da Terra. Sua manipulação permite ao aluno comprovar o resultado proposto por Ptolomeu para explicar o movimento retrógrado de Marte, empregando o epiciclo. Tal modelo consegue explicar porque Marte parece realizar movimentos retrógrados no céu, porém, coloca a Terra na posição em torno da qual Marte gira. A partir de tal verificação, questões são propostas, como: se o modelo de Ptolomeu foi superado, ou seja, se sabemos que os planetas não se movem em torno da Terra, nem mesmo existe o epiciclo, como explicar o movimento retrógrado de Marte? O foco da atividade é levar os estudantes a pensarem em outro modelo que dê conta de explicar para o fato. Trata-se de um aspecto que é pouco abordado em livros didáticos, e se configura como uma real possibilidade de colocar o aluno em situação de pensar a partir dos modelos que se dispunha à época, com o dos epiciclos, por exemplo. Acreditamos que, a partir de tal proposta, além de aprender sobre conceitos de Astronomia, a partir de tal experiência, o estudante possa entender que os modelos propostos pela Ciência são passíveis de mudanças e que estão em constante transformação.